terça-feira, 15 de março de 2011

DICAS 4 - Língua Brasil - Instituto Euclides da Cunha


Excelente site de língua portuguesa da Profa. Maria Teresa Piacentini.

"O sítio Língua Brasil é um espaço aberto a pesquisa de diferentes temas da língua portuguesa. No total já foram editadas 300 colunas da série Não Tropece na Língua e mais de 350 respostas a dúvidas gramaticais dos leitores.

"Muitos brasileiros sentem que a falta de um conhecimento linguístico para uso nas diversas situações de interação social pode ser motivo de julgamentos desfavoráveis e depreciativos. Pensando nisso, abrimos um espaço em que os consulentes podem contribuir com os temas a serem abordados, deixando suas perguntas no Mural de Consultas.

"No sítio Língua Brasil podem ser acessados temas específicos da nossa língua, como Palavras Compostas e dicas de linguagem jurídica. O leitor também é convidado a deixar seus comentários e sugestões no Mural de Visitas, além de poder adquirir os livros escritos pela professora Maria Tereza na seção Livros."

Não deixem de consultar a ótima tabela com um resumo da nova ortografia.

Profa. Maria Teresa de Queiroz Piacentini

segunda-feira, 14 de março de 2011

TIRA-DÚVIDAS 2 - Ele não é o mesmo


Aqui mais uma dúvida, muito pertinente, do amigo querido e parceiro Fernando Andrade, do Pessoas e Tecnologia.

Oi, Maisa

Sabe que sou fã de seu blog sobre o português? Gosto muito deste assunto, gosto muito dos textos que você coloca lá.

Sempre tive uma dúvida, ela apareceu novamente lendo o blog. No texto de um professor aparece a frase “Inicialmente é necessário estabelecer que até agora não pensara realmente em escrever este artigo. A materialização DO MESMO deve-se ao acaso”. Acredito que este “do mesmo” não esteja errado, mas ele me parece talvez um vício de linguagem. Será que a frase “Sua materialização deve-se ao acaso” não seria uma alternativa mais limpa, de melhor compreensão?

Insisto muito para as pessoas não usarem este “MESMO” nos e-mails, mas agora que o vi em seu blog, fico preocupado em fazer novamente esta recomendação.

Estou exagerando, vamos deixar estes “MESMOS” ou as frases ficam melhor sem eles?

Um beijo,

Fernando Andrade
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Olá, Fernando. Que bom receber o carinho dos amigos. Vamos à sua dúvida?

Ao que parece, você tem toda razão. Embora o uso das expressões o(a) mesmo(a) e os(as) mesmos(as) nesse caso não esteja gramaticalmente incorreto, o seu uso é considerado deselegante e pode demonstrar ignorância da língua ou do uso de pronomes.

Tudo indica que o vício surgiu nos meios jurídicos e policiais, onde o recurso é muito utilizado, mas também muito criticado por vários advogados.

Vamos ver o que diz a Profa. Maria Teresa Piacentini



Embora possa ser relativamente comum em outros idiomas, no português do Brasil o uso de “o mesmo” no lugar de nomes e pronomes é considerado indevido e até inconveniente. A palavra MESMO pertence a diversas categorias gramaticais e seu emprego é absolutamente correto nas seguintes situações:

A. Como adjetivo/pronome (portanto variável), com o sentido de ‘exato, idêntico! , tal qual, próprio, em pessoa':
  1. Foi pelo mesmo caminho.
  2. Sou sempre a mesma pessoa.
  3. Eles mesmos redigiram o discurso.
B. Como advérbio (portanto invariável), com o significado de ‘justamente, até, ainda, realmente':
  1. É lá mesmo que vendem o produto.
  2. Estes remédios são mesmo eficazes.
  3. Há mesmo necessidade disso?
C. Como conjunção concessiva, equivalente a ‘embora, apesar de':
  1. Mesmo diante de tais alegações em sede de reconvenção e contestação, o apelado quedou-se silente, reforçando ainda mais a veracidade delas.
  2. Sendo assim, mesmo inexistente a cláusula resolutória, com o inadimplemento do outro contratante a parte lesada pode requerer a resolução do acordo.
D. Como substantivo (expressão invariável, no masculino), significando ‘a mesma coisa':
  1. Fato alegado e não provado é o mesmo que fato inexistente.
  2. Houve incidência de juros legais a partir da citação e correção monetária a contar do ajuizamento do pedido, o mesmo acontecendo em relação às despesas processuais e custas derradeiras.
O problema está em usar “o mesmo” no lugar dos pronomes pessoais, sejam do caso reto (ele/ela) ou do caso oblíquo (o/a, lhe). Isso indica pobreza de linguagem ou falta de familiaridade com os pronomes pessoais. Algumas vezes – imagino – a pessoa tem insegurança no trato com os pronomes, mas ao mesmo tempo quer evitar a repetição de um determinado substantivo, então coloca ‘o mesmo' (ou ‘ a mesma', se feminino) no seu lugar.

Observe que nos exemplos 1 e 2, acima, ‘mesmo' acompanha um substantivo – não o substitui. No exemplo 3 acompanha um pronome. Em 4, acompanha um advérbio. Em 5 e 6, um adjetivo. Em nenhum bom exemplo a palavra ‘mesmo' toma a vez do substantivo.

É mais uma questão de estilo do que de gramaticalidade. Digamos então que fica ruim, ou não convém, escrever da forma abaixo:
  • Deixou de constar a declaração do condutor do veículo pelo fato de o mesmo estar hospitalizado sem condições de prestá-la.
  • Registra o parecer técnico que Valente abandonou a esposa e filhos por diversas vezes, sendo que a mesma mudou-se de Estado.
  • Ontem vi meu ex-chefe e convidei o mesmo para um cafezinho.
  • Já que o secretário executivo esteve nos visitando, entregamos ao mesmo a documentação.
  • Busque as fichas no almoxarifado e verifique se as mesmas estão carimbadas.
  • Desejando rever o conteúdo jurídico do projeto, solicito seja o mesmo retirado de pauta.  
Em melhor português você diria assim:  
  • Deixou de constar a declaração do condutor do veículo pelo fato de ele estar hospitalizado sem condições de prestá-la.
  • Registra o parecer técnico que Valente abandonou a esposa e filhos por diversas vezes, sendo que ela mudou-se de Estado.
  • Ontem vi meu ex-chefe e o convidei para um cafezinho.
  • Já que o secretário executivo esteve nos visitando, entregamos a ele [ou entregamos-lhe] a documentação.
  • Busque as fichas no almoxarifado e verifique se [elas] estão carimbadas.
  • Desejando rever o projeto, solicitou seja [ele] retirado de pauta.

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Como você vê, Fernando, você estava certo!!! Parabéns! E obrigada por me dar a oportunidade de aprender algo novo, pois eu não tinha ideia dessa questão.

Em tempo, se quiser ler mais a respeito desse MESMO tema (sic), acesse também:
- o post de Rosângela Dória
- o post de David Fares

Abraço e volte sempre com suas dúvidas e comentários!

TIRA-DÚVIDAS 1 - Meu unguento não é mais o mesmo


Vamos ao primeiro tira-dúvidas do blog, com uma pergunta que foi feita no meu post sobre o trema:

Me responde ai por favor amor .
1 º Coloca-se trema sobre o " U " átono (Pronunciado), Como no vocábulo UNGÜENTO , sempre que estiver :
a)no grupo 'gu' seguido de 'E' nasal .
b)no grupo 'gu' ou 'qu' seuido de E , I ,A .
c)o grupo 'gu' seguido de 'E' ou 'I' .
d)procedido de 'g' ou 'q' seguido de 'E' ou 'I' .
e)nos grupos de 'gu' e 'qu'

Larissa Souza
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Olá, Larissa.

Conforme expliquei em meu post NOVA ORTOGRAFIA 2 - O trema, o trema deixa de ser usado em todas as palavras em português e não será mais necessário se preocupar quando ele deve ou não ser colocado.

A única exceção são as palavras estrangeiras, e seus derivados, quando essas palavras forem grafadas com trema em seu idioma original. Veja alguns exemplos:

- Müller e mülleriano.
- Führer (título alemão atribuído a Adolf Hitler que significa "líder").
- Münchausen  (nome de um militar alemão - personagem do livro Barão de Münchausen de Rudolph Erich Raspe -, e também de um distúrbio psiquiátrico  - síndrome de Münchausen).
- Nomes próprios estrangeiros quando grafados com trema em sua língua original.

O jovem Barão de Münchausen

Aproveitando a oportunidade, Larissa, aqui vão algumas dicas para você melhorar o seu português e a sua escrita:

1. Você está se referindo a mim na 2a. pessoa do singular (tu) ou na 3a. pessoa do singular (você)? Se for na 3a. pessoa do singular, a forma correta do verbo seria "responda", ok?

2. Não se iniciam frases com pronomes pessoais oblíquos ou reflexivos. Portanto, sua primeira frase deveria começar com "responde-me" (2a. pessoa do singular) ou "responda-me" (3a. pessoa do singular).

3. Para maior clareza do que se escreve, algumas expressões e frases devem vir separadas por vírgulas e, na sua primeira frase, faltam duas vírgulas. O correto seria: "Responde-me aí, por favor, amor."

4. A palavra "aí" deve levar acento agudo no "i', pois trata-se de um hiato em que o "i" é tônico. Se você não o acentua, está, na verdade, dizendo aquela interjeição de dor que você grita quando corta o dedo com a faca ou bate o dedão do pé no pé da mesa, certo?

5. Não se usa espaço entre a vírgula e a palavra que a precede, entre as aspas e a palavra ou letra que está entre as aspas, entre o ponto final e a palavra que o precede, entre os dois pontos e a palavra que os precede.

6. Mas se usa espaço entre a vírgula e a palavra que a sucede, entre os dois pontos e a palavra que os sucede, entre o ponto final e a palavra que o sucede e entre o parêntese e a palavra que o sucede na marcação de itens [a) espaço palavra].

7. Na sua alternativa d), o verbo correto a ser usado é preceder => precedido, e não proceder => procedido. Os dois verbos têm significados completamente difrerentes e preceder é que significa vir antes, que é o que você quer dizer.

quinta-feira, 10 de março de 2011

CURIOSIDADES 4 - "Vou ir"


Por: Federico Polastri no site Português LV

"Podem preparar
Milhões de festas ao luar
Que eu não vou ir
Melhor nem pedir
Que eu não vou ir, não quero ir".
Vinícius de Moraes

Inicialmente é necessário estabelecer que até agora não pensara realmente em escrever este artigo. A materialização do mesmo deve-se ao acaso. Viajando por um site de língua portuguesa do professor Cláudio Moreno à procura de opiniões acerca do uso de “ter de” e “ter que” e das hipóteses que giravam em torno desta questão para tentar gerar debate, li o comentário que havia sobre “vou ir” e decidi mudar o rumo. É que fiquei atônito quando percebi que a dificuldade com esta locução verbal não era apenas nossa. Até então pensava que esta ocorrência acontecia com os falantes de espanhol principalmente, visto que tal construção revela-se cotidianamente na perífrase “voy a ir”, e que ao falarmos em português, tornava-se difícil a não enunciação da mesma. Mas ao que parece, no português também ocorre, mas há divergência quanto ao uso. Para clarificar e sustentar o que aqui comento, decidi reunir algumas opiniões atuais sobre o assunto em questão.

Vejamos os exemplos abaixo*:

1. Consulta
"Caro Professor Moreno: a minha dúvida é quanto ao uso da expressão "vou ir". O senhor escreveu, em uma resposta a outro internauta, que esta tal forma (é uma locução verbal?) seria condenada por gramáticos tradicionais. Gostaria de compreender melhor a razão para tal condenação. Há quem tenha tentado dar uma explicação dizendo que não se pode usar o mesmo verbo como verbo auxiliar e verbo principal. Contudo, sempre achei que a locução "tenho tido", por exemplo, não ferisse as regras da gramática. Obrigada."
Andréa

Resposta
Minha cara Andréia: tens toda a razão: há vários exemplos de locução verbal, em nossa língua, em que aparece o mesmo verbo, tanto na posição de auxiliar quanto na de principal; os mesmos fariseus que condenam "vou ir" aceitam "há de haver", "vinha vindo", "tinha tido". É evidente que o verbo só tem o seu significado pleno, originário, quando está na posição de principal; em "há de haver uma solução para este problema", o auxiliar (há) exprime a idéia de "desejo" (leia-se: eu gostaria que houvesse) ou de "obrigatoriedade" (leia-se: deve haver), enquanto o principal é que tem o sentido usual de "existir". Já falei sobre isso quando analisei a locução vinha vindo.

2. Consulta
"Prezado Prof. Moreno, estou com uma dúvida: afinal de contas, a expressão "vou ir" - muito utilizada no Rio Grande do Sul - está correta ou não? Eu penso que não; ele acha que sim. Podemos dizer "vou fazer", "vou trabalhar", etc., dando idéia de futuro, mas "vou ir"?? Obrigado e novamente parabéns pelo trabalho!
Rodrigo

Resposta
No caso de "vou ir", Rodrigo, vem agregar-se um outro fato lingüístico muito importante: a forma preferida de expressar o futuro, no Português moderno, é uma locução verbal com a estrutura ["ir" no pres. do indicativo + qualquer verbo no infinitivo]. Essa estrutura (vou sair, vou poder, vou ficar, vou ser) concorre com outras possibilidades, também usadas, mas em menor escala: (1) o próprio presente do indicativo ("Amanhã eu posso", "No ano que vem eu saio"); (2) o futuro do presente (sairei, poderei, ficarei, serei); (3) a locução [verbo haver + infinitivo]: hei de sair, tu hás de entender.

Estudos atualizados mostram que as hipóteses (2) e (3) são, no fundo, no fundo, a mesmíssima coisa. [...] Exemplifico: pega "eu hei de comprar, tu hás de comprar, ele há de comprar" e inverte a ordem dos verbos: "comprar hei, comprar hás, comprar há"; uma pequena adaptação ortográfica e terás "comprarEI, comprarÁS, comprarÁ".[...]

O que está acontecendo no Português moderno, ao que parece, é uma troca de auxiliar: em vez de usar o auxiliar haver, como nas hipóteses (2) e (3) acima, estamos utilizando cada vez mais o auxiliar ir. Isto é: quando queremos expressar a idéia de futuro, ou empregamos o presente do indicativo (menos usado) ou empregamos a locução [vou + infinitivo]. Como todo e qualquer verbo pode, em tese, ocupar a casa da direita, vão formar-se locuções do tipo vou vir, vou ir. Erradas elas não são; podem soar ainda um pouco estranho para muitos ouvidos, mas muitos outros já se acostumaram a elas, inclusive escritores e compositores de renome. Só para adoçar toda essa explicação, dou um exemplo saudoso, de um escritor de respeito: Vinícius de Moraes, na música "Você e Eu", feita em parceria com Carlos Lyra, usou, muito simplesmente (e em dose dupla):

"Podem preparar
Milhões de festas ao luar
Que eu não vou ir
Melhor nem pedir
Que eu não vou ir, não quero ir".

3. Consulta
A frase "Pode esperar, eu vou ir, sim!" está correta?

Resposta
"Vou ir" é uma locução verbal cujos verbos são os mesmos (ir + ir). Luiz Antônio Sacconi diz que os verbos "ir" e "vir" podem ser auxiliares de si próprios, desde que haja uma justificativa. Se a frase fosse "Pode esperar, eu já vou indo, sim!" a locução verbal acrescentaria um aspecto verbal novo ao seu sentido. O emissor da frase já está a caminho quando responde à pergunta. Já a frase do leitor me parece um pleonasmo vicioso, pois a locução verbal nada acrescenta ao sentido da frase. Seria melhor construí-la assim: "Pode esperar, eu vou (ou irei), sim!". "Vou ir" parece mais uma fuga do uso do futuro do presente do indicativo, tão pouco falado na língua coloquial.


A partir das respostas dos acadêmicos, pode-se inferir que não há unanimidade quanto ao uso de “vou ir”. Como o artigo ficou extenso, por causa das perguntas e das respostas extratadas dos sites, concluo estabelecendo algumas indagações finais:

Vocês usam ou rejeitam tal construção?
Alguma vez foram corrigidos ao enunciá-la?
Quais os argumentos dados?
Em nossa LM é lícita tal perífrase normativamente falando?
A construção “vou ir”, considera-se um pleonasmo ou o segundo elemento incide semanticamente no primeiro?
Em que situações comunicativas o brasileiro costuma usar tal recurso?
Usa-se em todas as regiões do Brasil?

Finalmente, abro um novo debate em torno da locução verbal “vou ir” para que possamos dialogar sobre este fenômeno lingüístico na seção de CL.

Forte abraço para todos! Espero comentários.

Revisão: O. Regueira.
Colaboração: G.E. Puglia.
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Nota da blogger: como a postagem acima foi feita pelo autor em novembro de 2008, os links informados como fonte já estão desatualizados, infelizmente.

HUMOR 7 - ÉI ou EI?


Até para um bom "bate-boca" é essencial conhecer a nova ortografia!!!

LUSOCÍDIO 2 - Palavras 'sósias' 1


Existem palavras que, por sua semelhança de grafia e, às vezes, pela proximidade de significado, acabam causando muita confusão na hora de falar ou escrever, sem que se perceba o engano.

Na série Palavras 'sósias' de Lusocídio vamos conhecer algumas delas. Aqui vão os primeiros 'jogos' de palavras.

1. Vislumbrar x deslumbrar
Vislumbrar = enxergar parcial, indistinta ou fracamente; entrever; começar a aparecer, mostrar-se indistintamente ou pouco a pouco; despontar, surgir.

Deslumbrar = causar ofuscamento (nos olhos ou na visão); ofuscar, turvar; provocar perturbação; encher(-se) de admiração, causar encantamento em; fascinar(-se), maravilhar(-se), seduzir(-se); confundir, perturbar o espírito; alucinar, desorientar, obcecar.

Portanto, quando alguém está admirado ou fascinado por algo ou alguém, ou quando alguém está encantado com algo, a ponto de perder o senso de realidade, a palavra correta é DESLUMBRADO,  e não vislumbrado, que, na verdade, significa entrevisto, visto parcialmente.

2. Repulsa x repúdio x repulsão
Repulsa = ato ou efeito de repulsar ou repelir; sentimento de repugnância, de aversão; oposição, objeção.

Repúdio = ato ou efeito de repudiar, ato de repelir; não aceitação, rejeição.

Repulsão = mesmo que repulsa

Aqui, notem que as três palavras são sinônimos e o alerta é para um 'neologismo' que não existe: repúdia. As palavras corretas são REPULSA (substantivo feminino) ou REPÚDIO (substantivo masculino). 'Repúdia', como feminino de repúdio, NÃO EXISTE.

3. Aquém x além x águem
Aquém = na parte de cá (de algo); neste lado, deste lado, antes; do lado de cá, antes de; abaixo de, menos que.

Além = na parte de lá, para o lado de lá, acolá; depois, mais à frente, mais adiante; acima de, mais do que.

Águem = 3a. pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo aguar que significa regar, molhar com água ou outro líquido; adicionar água a (qualquer líquido).

As palavras AQUÉM e ALÉM são antônimos, ou seja, têm significados opostos. E AQUÉM se pronuncia sem som de trema na letra 'u'. Ou seja, não é 'acuém' e nem 'ácuem'. É aquém mesmo, como se estivéssemos dizendo 'a quem'.

Já a palavra ÁGUEM, do verbo aguar, pronuncia-se com o som do trema no 'u', pois esta palavra tinha trema antes da reforma ortográfica, certo? Então, a pronúncia correta será 'ágüem'. Cuidado para não misturar 'águem' com 'aquém'! As pronúncias são diferentes mesmo!

4. Rinha x rixa x rincha
Rinha = briga de galo

Rixa =  estado de hostilidade entre pessoas, grupos etc. em desacordo; querela, disputa, briga, discórdia.

Rincha = 3a. pessoa do singular do presente do indicativo do verbo rinchar que significa relinchar, ou seja, fazer o som emitido por cavalos e seus similares.

Então, apesar de rinha e rixa terem significados relacionados a 'briga', quando alguém se desentende com outra pessoa, o que ele tem é uma rixa com o outro, e não uma rinha. E - que fique claro -, ninguém tem uma 'rincha' com ninguém, certo?

5. Descrição x discrição
Descrição = ato ou efeito de descrever; reprodução, traçado, delimitação; representação fiel; imitação, cópia, retrato; representação oral ou escrita de; exposição.

Discrição = qualidade de discreto, do que não chama a atenção, de quem é reservado, comedido, de quem não revela segredos dos outros.

Portanto, se alguém está relatando algo a alguém está fazendo uma DESCRIÇÃO, e, se não chama a atenção quando fala, está fazendo uso de DISCRIÇÃO. Não confunda!



6. Descriminar x discriminar
Descriminar = o mesmo que descriminalizar que significa isentar de culpa; tornar evidente a ausência de crime ou contravenção; absolver, impronunciar; fazer com que algo não seja mais considerado crime.

Discriminar = perceber diferenças; distinguir, discernir; colocar à parte por algum critério; especificar, classificar, listar; não (se) misturar; formar grupo à parte por alguma característica étnica, cultural, religiosa etc.; separar(-se), apartar(-se), afastar(-se).

Portanto, manifestar preconceito, de qualquer tipo, é DISCRIMINAR. E preconceito é crime previsto em lei sem chance de ser DESCRIMINADO.

Em tempo, discriminação é o ato de DIScriminar, certo? E descriminação é o ato de DEScriminar. Ficou claro? Assim, a DIScriminação continua sem DEScriminação, certo?

7. Apóstrofo x apóstrofe x apóstolo
Apóstrofo = sinal diacrítico frequentemente em forma de vírgula voltada para a esquerda, mas também reto, que, alceado a um nível superior ao das letras minúsculas, serve para indicar a supressão de letra(s) e som(ns), como em d'água (de + água) e n'alma (na + alma).

Apóstrofe =  interrupção súbita do discurso que o orador ou o escritor faz, para dirigir-se a alguém ou a algo, real ou fictício; com função de vocativo, como em “Minha Nossa Senhora, o que foi isso?”, “Valha-me Deus, que eu não aguento mais.", "Tenha piedade de mim, Senhor.", "Você aí, o que está fazendo?".

Apóstolo = cada um dos 12 discípulos de Jesus Cristo, encarregados de difundir a palavra de Deus; membro da Igreja que primeiro pregou a fé cristã em determinado país ou região; missionário muito abnegado; aquele que se dedica à defesa e propagação de uma doutrina ou de um ideal.

Acho que essa é autoexplicativa, não é mesmo?
 
8. Patoá x patuá
Patoá = dialeto;  linguajar inculto ou provinciano bastante difícil de compreender por estranhos; língua especial de um grupo social ou profissional; dialeto, jargão; qualquer fala, dialeto, linguagem ou jargão regional, iletrado, especializado, corrompido ou incompreensível.

Patuá = bentinho; objeto de devoção contendo orações, relíquias ou qualquer outro elemento.

Assim, embora as entidades dos cultos afros provavelmente falem um PATOÁ, o que eles dão aos fiéis como objeto de proteção é um PATUÁ.

9. Cuspe (cuspir) x guspe (guspir)
Cuspe ou cuspo = saliva
Cuspir = ejetar ou expelir saliva ou cuspe(o)

Guspe = não existe!
Guspir = o mesmo que cuspir

Portanto, devemos usar somente as palavras CUSPE ou CUSPO, e nunca guspe. Mas, para o verbo, podemos usar tanto a palavra CUSPIR como a palavra GUSPIR, pois ambas estão corretas. Essa é bem capciosa, não?

10. Abóbada x abóboda
Abóbada = construção arqueada feita de concreto, pedras ou tijolos em forma de cunha, destinada a cobrir um espaço, apoiando-se sobre paredes, pilares ou colunas

Abóboda = o mesmo que abóbada; forma não preferencial de abóbada.

Essa é só uma "pegadinha"...

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Gostou? Que tal sugerir mais 'jogos' de palavras para esclarecermos aqui?

NOVA ORTOGRAFIA 3 - Acentuação 1 - Ditongos abertos ÉI e ÓI



Não se usa mais o acento agudo nos ditongos abertos éi e ói de palavras paroxítonas (palavras cuja sílaba forte é a penúltima). Vejamos, então, alguns exemplos de como era e de como passa a ser com a nova ortografia:

alcatéia => alcateia
Andréia => Andreia
andróide => androide
apóia (verbo apoiar) => apoia
apóio (verbo apoiar) => apoio
assembléia => assembleia
asteróide => asteroide
atéia (feminino de ateu) => ateia
azaléia => azaleia
bóia => boia
boléia => boleia
celulóide => celuloide
centopéia => centopeia
clarabóia => claraboia
colméia => colmeia
Coréia => Coreia
debilóide => debiloide
diarréia => diarreia
Dorotéia => Doroteia
epopéia => epopeia
estréia => estreia
estréio (verbo estrear) => estreio
européia => europeia
Galiléia => Galileia
geléia => geleia
hebréia => hebreia
heróico => heroico
humanóide => humanoide
idéia => ideia
jibóia => jiboia
jóia => joia
Medéia => Medeia
mocréia => mocreia
odisséia => odisseia
ovóide => ovoide
panacéia => panaceia
paranóia => paranoia
paranóico => paranoico
Paulicéia => Pauliceia
platéia => plateia
seborréia => seborreia
seborréico => seborreico
tramóia => tramoia
uréia => ureia

Atenção: essa regra só é válida para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas como sempre as palavras oxítonas (cuja sílaba forte é a última) e os monossílabos tônicos terminados em éis e ói(s). Exemplos: papéis, herói, heróis, dói (verbo doer), sóis, anzóis, réis, tonéis, dodói, dodóis, faróis, fiéis, constrói, destrói etc.