quinta-feira, 28 de outubro de 2010

HUMOR 2 - Prazeres da gramática



Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.

Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, esse, era bem definido, feminino, singular. Era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.

Era ingênua, ilábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo até gostou daquela situação: os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.

Ótimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que, em vez de descer, sobe e pára exatamente no andar do substantivo.

Ele usou de toda a sua flexão verbal e entrou com ela no seu aposento. Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante.

Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo. Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto. Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente.

Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula. Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz ativa.

Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais. Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objeto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular. Ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisto a porta abriu-se repentinamente.

Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjetivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou sua vontade de se tornar particípio na história.

Os dois olharam-se e viram que isso era preferível a uma metáfora por todo o edifício.

Que loucura, meu Deus. Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objetos.

Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.

Só que, as condições eram estas. Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

Segundo consta no site de onde o retirei, este fantástico texto, escrito por uma aluna de Letras, venceu um concurso interno, na cadeira de Gramática Portuguesa, de uma universidade brasileira. Infelizmente, não foi possível confirmar essa informação, nem identificar a autoria. Vale, no entanto, pela graça e originalidade.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

DICAS 2 - Manual de redação da PUCRS


Manual de redação muito completo criado e administrado pela gerência de web, setor responsável pela criação e manutenção de programação visual e eletrônica do site da PUCRS.

Criado para atender o público da Universidade, presta-se também a consultas muito completas e precisas sobre o uso da língua portuguesa na produção de material escrito, incluindo já o Acordo Ortográfico de 1990 (vigente desde janeiro de 2009) e também textos complementares e instruções para a confecção de resumos.

Vale a pena gravar nos favoritos: Manual de Redação da PUCRS.

ETIMOLOGIA 1 - Eleições



Étimo = do grego étumos, que significa 'o verdadeiro significado da palavra segundo sua origem'; logia = do grego logía, que significa ciência, arte ou tratado. Etimologia, portanto, é a ciência que estuda ou trata do verdadeiro significado das palavras segundo sua origem.

É interessante observar como algumas palavras, por força do uso ou da associação, acabam se corrompendo ao longo tempo, assumindo conotações completamente diferentes de seu significado original. Daí a necessidade de sempre buscarmos a etimologia das mesmas e entendermos melhor o que realmente significam.

Com as eleições ainda em andamento em nosso país, que tal conhecermos melhor o real significado de algumas das palavras ligadas a elas?

Brasil
Brasa + -il. Do português brasil = árvore Caesalpinia echinata, dita também pau-brasil. O nome da árvore, por sua cor, provavelmente deriva de brasa = carvão ardente, que, por sua vez deriva do antigo francês breze = brasa. Brasil também significa 'relativo a brasa'.

Campanha
Do latim tardio campanìa = os campos, a planície. Derivado do baixo-latim campanèus e campósus = terreno de exercício ou de batalha. O sentido militar só aparece em francês no século XVII.

Candidato
Do latim candidátus = aquele que veste a toga branca para exercer um cargo público; em Roma, os candidatos a cargos eletivos vestiam toga branca. Derivado do latim candèo = alvo, branco como a neve; estar inflamado, queimar; e do latim candìdus = branco, alvo; radiante, resplandecente; puro; venturoso.

Democracia
Do grego démokratía, de dêmos = povo + kratía = força, poder (do verbo grego kratéó = ser forte, poderoso).

Deputado
Particípio de deputar. Derivado do latim depùto = cortar, podar, avaliar, ter em conta de, julgar. Derivado do latim putus = puro, cuidado, sem mistura.

Eleição
Do latim electìónis = escolha, eleição; permitir a escolha. Derivado do latim elìgo = arrancar colhendo, levar, tirar, escolher, separar.

Governo, governar
Do latim gubérno = conduzir (nave), dirigir; figurado = gerir, administrar, governar. Adaptado do verbo grego kubernáó = dirigir o leme, administrar, governar.

Mandato
Do latim mandátum = encargo, cargo, comissão. Derivado do verbo latino mando = confiar, recomendar a, dar, entregar; encarregar, dar cargo.

Partido
Do latim partítus = que partilhou, que tomou o seu quinhão. Particípio passado do verbo latino partire = partir, dividir, distribuir, que, por sua vez, deriva do latim per = dar, fornecer.

Político
Do grego politikós = relativo a cidadão, que se compõe de cidadãos; relativo ao Estado, público; hábil na administração de negócios públicos; popular; capaz de viver em sociedade. Derivado do grego pólis = cidade + teîkhos = muro, muralha.

Presidente
Do latim praesìdens, particípio presente de praesidére = estar assentado adiante, ter o primeiro lugar; estar à testa de, dirigir, administrar.

República
Do latim respublica = coisa pública, o Estado, a administração do Estado. Derivado do latim rex, régis = rei, soberano + publìcus = relativo ao povo ou ao Estado, público. Rex e régis, por sua vez, derivam do verbo latino règo = dirigir em linha reta (sentido físico e moral).

Senado
Do latim senátus = conselho dos antigos, assembleia dos anciãos, senado (romano), reunião do senado, lugares reservados aos senadores nos teatros. Derivado do latim senìor = velho, ancião.

Voto
Do latim votum = voto, promessa (feita aos deuses), objeto de desejos, coisa desejada, desejo, desejo manifestado pelos esposos no ato do casamento; núpcias, casamento. Derivado do verbo latino vovèo = fazer voto, obrigar-se, prometer em voto; oferecer, dedicar, consagrar.

E então? Muitas surpresas?


Bibliografia: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa - UOL

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

HUMOR 1 - Diferença entre tu e você



O diretor geral de um grande banco estava muito preocupado com um jovem e brilhante diretor, que, depois de ter trabalhado durante algum tempo com ele, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se ao meio dia. Então, o diretor geral, chamou um detetive e disse-lhe:

- Siga o diretor Lopes durante uma semana, durante o horário de almoço.

O detetive, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou e informou:

- O Diretor Lopes sai normalmente ao meio dia, pega o seu carro, vai à sua casa almoçar, faz amor com a sua mulher, fuma um dos seus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.

Responde o diretor geral:

- Ah, bom, antes assim. Não há nada de mau nisso.

Logo em seguida o detetive pergunta:

- Desculpe-me, mas posso tratá-lo por tu?

- Sim, claro - respondeu o diretor geral surpreendido.

- Bom, então vou repetir: O diretor Lopes sai normalmente ao meio dia, pega o teu carro, vai à tua casa almoçar, faz amor com a tua mulher, fuma um dos teus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.

A língua portuguesa é mesmo fascinante!
Detetive letrado é outra coisa!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

ATUALIDADES 1 - Presidente ou Presidenta?


Estamos a dez dias do segundo turno das eleições para a Presidência da República, com grandes chances de elegermos a primeira mulher a ocupar o cargo em nosso país. Será bom, portanto, sabermos como nos dirigirmos a ela, caso seja eleita: presidente ou presidenta?

Vejamos o que dizem dois dos maiores dicionários de nossa língua.

No Dicionário Aurélio: Presidenta – S.f.  1. Mulher que preside. 2. Mulher de um presidente.

No Dicionário Houaiss: Presidenta - Acepções ¦ substantivo feminino
          1    mulher que se elege para a presidência de um país
          Ex.: a p. da Nicarágua

          2    mulher que exerce o cargo de presidente de uma instituição
          Ex.: a p. da Academia de Letras

          3    mulher que preside (algo)
          Ex.: a p. da sessão do congresso

          4    Estatística: pouco usado.
          esposa do presidente

Vejamos agora o que diz Lu Lacerda em seu blog, na postagem O título certo é presidente ou presidenta? Evanildo Bechara responde:

Evanildo Bechara, maior gramático do País, imortal da ABL, responsável pelo setor de lexicologia e lexicografia da Academia Brasileira de Letras, nunca havia sido tão assediado na vida, quanto nos últimos dias, quando todos da imprensa tinham urgência em saber se o título certo para uma mulher seria presidente ou presidenta, seguros que estavam da eleição de Dilma Rousseff no primeiro turno. O acadêmico, que é quem estabelece as normas da utilização oficial da Língua Portuguesa, esclarece que ambos estão certos e acrescenta que, do ponto de vista linguístico, pode-se usar, mas não há necessidade de empregar o “presidenta”. Informa ainda que a língua não expressa somente razões lógicas – expressa tambem razões éticas e sociais. Quando se fala presidenta, não se está apenas usando uma possibilidade do nosso idioma; está-se expressando consideração e carinho especial à mulher. Como Dilma não foi eleita, as ligações cessaram, pelo menos por enquanto.

Portanto, as duas formas, presidente e presidenta, estão corretas ao nos dirigirmos a uma mulher que ocupa a Presidência da República de qualquer país, muito embora a forma feminina possa nos soar estranha e desagradável.



Outra situação em que se têm variações especiais para uma mulher ocupando o cargo:

Embaixadora = pessoa que chefia uma embaixada, representando seu país num outro país; pessoa encarregada de missão diplomática; pessoa que representa oficialmente uma determinada área das artes ou da cultura.

Embaixatriz = esposa de embaixador; pessoa representativa de determinado campo artístico, sem qualquer cargo oficial.

Quem se lembra de mais algum exemplo em que o feminino varie conforme a situação?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

LUSOCÍDIO 1 - Pedagogia?


Luso = do latim Lusus, que significa lusitano, português; -cídio = do latim -Cidium, que significa matar. Acho que já deu para perceber do que vamos falar nessa série que chamo de Lusocídio, não é?

É muito triste ver o que acontece com a nossa língua por este Brasil afora, e mais triste ainda quando isso vem de pessoas graduadas ou cursando graduação, as quais, por seu nível de escolaridade, deveriam, ao menos, saber usar o básico do nosso idioma pátrio. É preocupante o que vemos por aí em textos acadêmicos, jornalísticos, técnicos etc.

A título de ilustração, procurarei trazer aqui, vez por outra, mensagens, textos e frases com erros de gramática, ortografia ou redação, para que, a partir de exemplos, possamos também aprender o bom português, ou, pelo menos, aprender o que não é bom português.

Vejam abaixo o e-mail que recebi recentemente, transcrito exatamente como chegou à minha caixa postal:

oi meu nome é edegardo* sou academico de pedagogia do terceiro semestre da voemar-jilo,MT.*
gostaria e saber porque as pessoas são tao obisecadas pela tv, e porque as crianças se refletem nos desenhos mais violentos, tipo power rengers. se possivel me responda meu pré-projeto é sobre isso:
qual a influencia dos desenhos animados na educação de uma criança
  
*os nomes foram trocados para preservar a identidade do remetente

Notem que a mensagem é de um graduando de Pedagogia e praticamente não tem qualquer pontuação, separação de parágrafos ou uso de letras maiúsculas no início das frases - se bem que não dá para saber bem onde está o início das frases.

Os nomes próprios dele mesmo, do curso, da instituição de ensino e do seriado de tv também ficaram sem maiúsculas iniciais. A acentuação também quase não existe, há grafia errada de algumas palavras e uso incorreto de outras.

A preocupação dele - muito justa - é o efeito que os desenhos animados têm na educação de uma criança... E eu, por minha vez, não posso deixar de me perguntar, e lamentar, o efeito que terá um futuro pedagogo que escreve dessa maneira na educação das crianças que passarem por suas mãos.

Vamos, então, ao texto corrigido.

Oi. Meu nome é Edegardo. Sou acadêmico de Pedagogia do terceiro semestre da Voemar-Jiló, MT.

Gostaria de saber por que as pessoas são tão obcecadas pela tv e por que as crianças se identificam com os desenhos mais violentos, tipo Power Rangers.

Se possível, me responda. Meu pré-projeto é sobre isso: qual a influência dos desenhos animados na educação de uma criança?

A língua portuguesa não é um idioma dos mais fáceis e seu aprendizado requer interesse, dedicação, estudo, esforço e prática. Mas todos podem aprender, basta querer!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

DICAS 1 - Programa "Nossa Língua Portuguesa" com o Prof. Pasquale Cipro Neto


No ar desde agosto de 1994, o programa Nossa Língua Portuguesa trata, sem preciosismos, das dificuldades lingüísticas que enfrentamos ao falar o nosso idioma.

O prof. Pasquale Cipro Neto examina filmes publicitários, letras de músicas, poemas, HQ, depoimentos de personalidades e populares, artigos da imprensa, programas de TV e o que mais seja de nossa expressão lingüística.

Consulte a íntegra dos módulos, organizados segundo critérios da gramática, no seguinte link: 
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/

***


Pasquale Cipro Neto é professor de português desde 1975. É consultor de língua portuguesa do Departamento de Jornalismo da Rede Globo, em São Paulo, desde 1996.

É colunista dos jornais Folha de S.Paulo e Diário do Grande ABC, entre outros. É autor do anexo gramatical do Manual de Redação da Folha de S.Paulo. Trabalha há dezoito anos na Folha, onde atua no Programa de Qualidade e na Editoria de Treinamento.

Além de ministrar palestras por todo o país, Pasquale é o idealizador e apresentador do programa Nossa Língua Portuguesa, transmitido pela Rádio Cultura AM e pela TV Cultura, e do programa Letra e Música, da Rádio Cultura AM.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

CURIOSIDADES 1 - De onde venho e onde vivo?


A língua portuguesa é uma língua românica, que se originou no que é hoje a Galícia e o norte de Portugal, derivada do latim vulgar que foi introduzido no oeste da península Ibérica há cerca de dois mil anos. Tem um substrato Céltico (tribo celta do sul de Portugal)/Lusitano, resultante da língua nativa dos povos pré-romanos que habitavam a parte ocidental da península Ibérica (Galaicos, Lusitanos, Célticos e Cónios).

O idioma se espalhou pelo mundo nos séculos XV e XVI quando Portugal estabeleceu um império colonial e comercial (1415-1999) que se estendeu do Brasil a Goa, na Ásia (Índia, Macau na China e Timor-Leste). Foi utilizada como língua comercial exclusiva na ilha do Sri Lanka por quase 350 anos. Durante esse tempo, muitas línguas naturais baseadas no português também apareceram em todo o mundo, especialmente na África, na Ásia e no Caribe.

Com mais de 240 milhões de falantes, é a quinta língua mais falada no mundo, a mais falada no hemisfério sul, a terceira mais falada no mundo ocidental e é uma das línguas alfabeto latino. Além de Brasil e Portugal é oficial em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e, desde 13 de julho de 2007, na Guiné Equatorial, sendo também falado nos antigos territórios da Índia Portuguesa (Goa, Damão, Ilha de Angediva, Simbor, Gogolá, Diu e Dadrá e Nagar-Aveli) e em pequenas comunidades que faziam parte do Império Português na Ásia como Malaca, na Malásia e na África Oriental, como Zanzibar, na Tanzânia. Possui estatuto oficial na União Europeia, no Mercosul, na União Africana, na Organização dos Estados Americanos, na União Latina, na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e na Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP).

Assim como os outros idiomas, o português sofreu uma evolução histórica, sendo influenciado por vários idiomas e dialetos, até chegar ao estágio conhecido atualmente. Deve-se considerar, porém, que o português de hoje compreende vários dialetos e subdialetos, falares e subfalares, muitas vezes bastante distintos, além de dois padrões reconhecidos internacionalmente (o português brasileiro e o português europeu).

Segundo um levantamento feito pela Academia Brasileira de Letras, a língua portuguesa tem, atualmente, cerca de 356 mil unidades lexicais. Essas unidades estão dicionarizadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.

O português é conhecido como "A língua de Camões" (em homenagem a Luís Vaz de Camões, escritor português, autor de Os Lusíadas) e "A última flor do Lácio" (expressão usada no soneto Língua Portuguesa, do escritor brasileiro Olavo Bilac). Miguel de Cervantes, o célebre autor espanhol, considerava o idioma "doce e agradável".

Nos séculos XV e XVI, à medida que Portugal criava o primeiro império colonial e comercial europeu, a língua portuguesa se espalhou pelo mundo, estendendo-se desde as costas africanas até Macau, na China, ao Japão e ao Brasil. Como resultado dessa expansão, o português é agora língua oficial de oito países independentes além de Portugal, e é largamente falado ou estudado como segunda língua noutros. Há, ainda, cerca de 20 línguas naturais de base portuguesa. É uma importante língua minoritária em Andorra, Luxemburgo, Paraguai, Namíbia, Ilhas Maurício, Suíça e África do Sul. Além disso, encontram-se em várias cidades no mundo numerosas comunidades de emigrantes onde se fala o português, como em Paris, na França; Hamilton, nas Ilhas Bermudas; Toronto, Hamilton, Montreal e Gatineau no Canadá; Boston, Nova Jérsei e Miami nos EUA; e Nagoya e Hamamatsu no Japão.